2012/11/06

Contos NdN - Contos de Draconia: As lágrimas da virgem

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Em um pequeno vilarejo viviam duas famílias que sempre estiveram em guerra, mesmo assim ainda eram vizinhas.

As duas famílias acabaram de receber mais um membro. Na família Nock nasceu Edmure e na família Noumen nasceu Nuva.

A família Nock era devota do deus Téro, o deus da terra, e abençoaram a nova criança ao seu nome para que este pudesse um servo do seu deus.

Já a família Noumen era devota da deusa Celles, a deusa do céu, e fizeram a mesma cerimonia que os Nock, para a nova criança.

Desde cedo as pequenas crianças já possuíam os seus próprios aposentos.
Qual não foi grande a surpresa de cada família ao perceberem que os quartos das crianças eram paralelos e que a visão das janelas dava diretamente ao quarto vizinho.

Mais uma briga se formava entre as famílias, mas nenhuma decidiu mudar de aposento e depois de muito tempo, e de muita discursão, ambas decidiram manter as janelas fechadas para sempre.

Ambas as famílias eram ricas, e a briga que se arrasta por gerações é por causa de alguns pedaços de terra, algo que para ambas seria dispensável, com tamanha riqueza que possuíam.

Apesar das desavenças familiares, as duas crianças, cada qual com pouca diferença de idade entre elas, cresceram sem saberem o que havia por detrás de suas janelas.
Ambos quase adultos estavam prestes a serem completos servos de seus respectivos deuses, em pouco tempo talvez nunca mais vissem as suas famílias.

Edmure Nock, agora com 19 anos e já quase um homem feito, contra os pedidos de sua mãe abriu a janela de seu quarto e qual não foi a sua surpresa quando viu do outro lado outra janela, levado pela curiosidade ele ficou o resto do dia e dos próximos três dias no seu quarto esperando para ver quem estava na outra janela, mas nesses dias não apareceu ninguém nela.

Por alguns dias ele desistiu dessa ideia, até que ele resolveu jogar algumas pedras e alguém abriu a janela.

— Quem está jogando pedras na minha janela? — perguntou uma voz feminina enquanto abria, pela primeira vez em muito tempo, a janela.

— Oh! — exclamou Edmure. — Vejo que a minha vizinha de janela é deveras muito bela.

— Vejo que o meu vizinho é um poeta — falou a mulher com um tom de gozação. — Por que você está jogando pedras na minha janela?

— Eu só queria chamar a atenção de qualquer pessoa que estivesse do outro lado desta janela, nuca a via aberta.

— Pois já está vendo, é melhor eu fecha-la.

— Não! Espere! Pelo menos posso saber qual és o vosso nome, bela donzela?

— Eu sou Nuva, Nuva Noumen, prometida à deusa Celles.

— E eu sou Edmure, Edmure Nock, futuro sacerdote do templo de Téro.

— Bem! Creio que nenhuma de nossas famílias deveria saber sobre essa conversa, afinal por gerações somos inimigos.

— É, mas... volte outro dia, sempre ficarei te esperando.

— Certo!

A partir daquele dia eles se viram sempre, começaram a trocar segredos e desejos, viram que eram mais parecidos do que pensavam, ambos achavam que a briga das suas famílias já deveria ter acabado a muito tempo.

Depois de muito conversarem por entre as janelas eles perceberam que já não eram apenas simples amigos, um amor surgia entre eles.

— Nuva! Eu acho que deveríamos nos ver mais de perto.

— Por quê?

— Eu tenho algo muito sério para te dizer.

— Pode falar.

— Não, tem que ser olho no olho.

— Mas como vamos fazer isso?

— Espere!

Edmure desapareceu no quarto e depois surgiu com um pedaço de tábua de madeira, tão grande que alcançava a outra janela.

— Cuidado Edmure!

— Terei bastante!

Depois de apoiar a tábua nas duas janelas ele usou-a para atravessar o vão que separava a janelas.

— Eu não disse que iria conseguir! — exclamou Edmure, dando um pulo para dentro do quarto de Nuva.

— Faça silêncio. Ninguém pode saber que você está aqui — sussurrou Nuva.

— Finalmente já posso te dizer.

— O que Edmure?

— Eu te amo Nuva. De um jeito que eu nuca amei ninguém. Estou disposto a deixar a minha vida de sacerdote por você.

— Eu também te amo Edmure, mas e as nossas famílias?

— Eles não importam o que importa é o amor. Eu também sei que as sacerdotisas de Celles podem ter casos amorosos com sacerdotes da mesma.

— Você realmente está disposto a desistir de tudo e enfrentar as nossas famílias pelo nosso amor?

— Sim, estou.

Ambos foram diminuindo a distancia entre eles e foram aproximando cada vez mais os lábios até se encontrarem num beijo quente e apaixonado.

— Acho que tem alguém vindo aí Edmure!

— Já vou Nuva. Amanhã eu volto.

Edmure com um pouco de dificuldade caminho pela tábua de volta para a sua janela, enquanto isso Nuva fechava a sua, ainda dava para se ouvir um ruído de uma conversa, eram as vozes de Nuva e sua mãe.

— Tinha alguém aqui nesse quarto Nuva?

— Não! Como poderia ter alguém aqui? Ninguém nunca vem aqui e essa janela sempre está fechada.

— Devo ter ouvido vozes, estou muito cansada.

Todos os dias, após aquele, eles dois se encontravam e sempre no quarto de Nuva.
O amor dos dois era tanto que já estavam pensando em assumir o relacionamento para as famílias.

— Edmure eu acho melhor nós contarmos para as nossas famílias, sobre o nosso relacionamento.

— Eles não vão aceitar.

— Mas poderia ser uma tentativa de acabar com essa briga que dura gerações.

— Não! Eu acho melhor nós fugirmos e vivermos longe desse vilarejo, talvez até como sacerdotes de Celles, poderíamos ser felizes.

— Eu acho que você tem razão Edmure.

— Amanhã nós fugiremos. Eu vou amarrar uma corda que vá até o chão e fugiremos pela sua janela.

— Quando?

— Amanhã à noite.

— Estarei aqui.

Os dois não sabiam, mas a mãe de Nuva estava ouvindo toda a conversa e faria de tudo para que esse encontro não ocorresse.

No outro dia de noite Edmure chega à janela de Nuva, pela tábua, e dá três batidas na janela.
— Nuva! Nuva! — chamava Edmure.

A janela se abriu, mas quem a abriu foi a mãe de Nuva.

— Senhora Noumen?!

— Você de ser Edmure Nock. Deixe a minha filha em paz.

— Mas nós...

— Volte agora!

— Certo!

Enquanto Edmure voltava pela tábua para a sua janela, a mãe de Nuva derrubou a tábua, fazendo com que ele caísse de uma grande altura e não sobrevivesse à queda.

— Mãe que grito foi esse? — perguntou Nuva, chegando ofegante ao quarto.

— Era aquele seu “namoradinho”. Ele nunca mais a perturbará.

— Mãe você não...

Nuva correu para a janela e viu o corpo do seu amado sem vida no chão.

— Edmure! Edmure! — gritava Nuva, mas sem ouvir nenhuma resposta, a não ser o som do eco da sua voz.

Nos dias que se passaram Nuva não fazia nada, a não ser lamentar e chorar pelo seu amado. A vários dias ela não se alimentava e seus olhos não paravam de reterem lágrimas e mais lágrimas.

Certo dia a deusa Celles apareceu para Nuva, esta já estava tão branca quanto um algodão, e lhe ofereceu um presente.

— Nuva! Quero que você venha comigo e governe o céu ao meu lado, você poderá lamentar e chorar por todo o mundo pelo seu amor, você é uma mulher intocada e por isso também poderá ser imortal. Você aceita?

— Aceito, Celles!

— Vamos!

Celles levou o espirito de Nuva para o céu, onde, agora e para todo o sempre ela lamentará e chorará por Edmure.

A lenda ainda diz que Nuva foi aconselhada por Celles para guardar as suas lágrimas e lamentações para serem largadas todas de uma vez.

Nuva sempre governará os céus em formar de nuvem, quando está prestes a soltar suas lamentações e lágrimas as nuvens ficam negra e finalmente ela pode libera-las em forma de raios e trovões, e em forma de gotas d’água.

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